Desde quinta-feira, dia da greve geral, que constato no facebook uma raiva quase generalizada em relação à atuação dos polícias face aos protestos dos manifestantes que decorreram no Chiado.
Tenho visto vários comentários, uns construtivos outros nem por isso, em relação ao assunto em questão.
Deixo, então, aqui uma pequena amostra dos comentários que vi:
(para que os comentários fiquem legíveis, clica nas imagens)
Nestes comentários podemos generalizar três opiniões distintas que, a meu ver, são também uma amostra das opiniões da população.
A ideia que se encontra em maior número, tanto nos comentários do facebook, como nos “bitaites” que vamos ouvindo na rua e nos telejornais, é de que estes confrontos opõem dois grupos: os polícias – violentos e brutos, não deixam que a população conteste – e os manifestantes que apenas tentam lutar pelos seus direitos, indefesos, numa posição de desigualdade perante os polícias armados.
No extremo oposto, encontram-se aqueles que apoiam a atitude dos polícias. Argumentam que apenas estão a fazer o seu trabalho e a manter o máximo de ordem possível, sem nunca interferir com o direito da população de se manifestar. Os polícias apenas intervêm no caso dos desacatos da população estarem a violar regras de conduta.
Mas é claro que é possível adotar uma posição “neutra” em relação a este assunto, como na maioria dos assuntos polémicos.
Muitas vezes a expressão “posição neutra” fica associada àqueles que, incapazes de formar uma opinião, distanciados e sem interesse pelo assunto em questão, adotam uma postura de neutralidade.
Vamos lá abolir essa ideia…
A neutralidade não pode ser vista como uma atitude passiva. Em relação a este tema, ser neutro é sair da nossa posição, seja de manifestante, de polícia, ou de um simples cidadão e encarnar em todas as personagens intervenientes e perceber as diferentes perspetivas.
No grupo dos manifestantes há aqueles que acreditam que a sua luta lhes vai trazer melhores condições de vida, mais equidade entre a população, mais direitos e lutam, com todas as forças que têm, contra as medidas de austeridade do governo, mas também há os que apenas se juntam à manifestação para se revoltarem "contra o sistema", "contra os bófias", "contra os políticos deste país", ou seja contra tudo... e contra nada.
Do outro lado da "batalha" estão os polícias que apenas tentam que não haja desordem e desacatos e que muito provavelmente prefeririam estar no conforto das suas casas com as suas famílias do que no meio daquela confusão a terem de dar cacetadas em pessoas que lutam contra algo que eles próprios gostariam que mudasse. No entanto, também neste grupo se encontram polícias mal formados e violentos que muitas vezes agem exagerada e desadequadamente sobre os contestatários.
A minha opinião em relação a este assunto é que não é possível concluir qual dos grupos opostos é o causador de toda aquela violência. Alguns elementos dos manifestantes poderão abusar, como também alguns polícias poderão não tomar a atitude mais acertada perante esses abusos.
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