sábado, 31 de março de 2012

Perigos de algumas páginas "in" do facebook

Se fores do sexo feminino e tiveres entre 12 e 25 anos, há quase 100% de probabilidade (apenas não digo 100, para que não haja a possibilidade de alguém se sentir aparte) de já teres visitado ou ouvido falar das seguintes páginas no facebook:

Passas lá horas a esmiuçar todos os pormenores mais detalhados de cada peça de roupa, a ler frases “inspiradoras”, sempre atenta aos comentários e opiniões que vão surgindo, não é verdade?
Se assim for, de certo que já reparaste em alguns ideais que tentam ser transmitidos através de imagens, fotografias e frases.

Eu não quero ir por um caminho conservador, que reprova todo o tipo de “desvios” e que não admite um excesso de vez em quando. Apenas quero, com este post, abrir horizontes e conseguir transmitir uma outra perspetiva daquilo que é exposto nestas páginas e que muita vezes leva o nosso inconsciente a idolatrar pessoas, atos, ideologias que, noutro contexto, não o faria.

Estas são, apenas, algumas das muitas fotografias extraídas das páginas que há pouco enumerei, que apelam ao consumo do tabaco e das famosas “ganzas”.

Estas imagens remetem-me para algumas décadas atrás, em que o ato de fumar era considerado um símbolo de estatuto social. Nos filmes e nas poses para as fotografias, estrelas como, por exemplo, o Marlon Brando, apareciam sempre com o belo do cigarro na boca ou na mão, quase como um acessório indispensável para uma boa imagem.

Esta ideia de charme associada ao tabaco foi-se desvanecendo, ao mesmo tempo que começou a surgir a consciência de que o tabaco causava vários danos na saúde e que esses danos não eram insignificantes o suficiente para serem ignorados em prol da moda.

Eu não vivi, ainda, anos suficientes para conseguir avaliar a evolução, década a década, da generalidade da mentalidade da população em relação a este assunto, apenas o posso fazer através de fontes históricas.

Com os dados que me são fornecidos, a ideia que tenho é que apenas a partir dos anos 80 começou a haver uma consciencialização para a mortandade a que o tabaco e as drogas levaram nas décadas anteriores.

Nos anos 90, manteve-se a postura anti-tabagista da maioria da sociedade.

No entanto, há uns anos, comecei, inconscientemente, a pôr de lado a ideia de fumar associada a pessoas com mau aspeto, mal arranjadas, de um estrato social baixo e comecei a associá-la a pessoas do extremo oposto.

Se me tivesse deixado levar apenas pela imagem que o ato de fumar me transmitia e não tivesse em conta o conhecimento sobre os danos futuros que me iria causar, hoje seria mais uma rapariga dependente do tabaco, que foi incapaz de resistir à tentação de entrar em mais uma moda.

Certamente que foram imagens como aquelas que há pouco mostrei que me inculcaram esta ideia, que sei que é errada, embora seja incapaz de a inverter por estar instalada no meu subconsciente. 

Neste caso, posso dizer que o meu lado racional conseguiu vencer o lado impulsivo e que a minha vontade de não ser adita, se sobrepôs à minha ideia de estética.

Mas as imagens e fotografias que incentivam os jovens para comportamentos “desviantes” não têm apenas a ver com vícios como o tabaco, drogas ou álcool.

Imagens como estas levam, também, a uma mudança total nos nossos padrões de estética:

A magreza extrema passou a ser uma moda generalizada no sexo feminino.

É outro aspeto que não consigo ignorar. Passei a gostar da estética associada a esta magreza extrema, algo que há uns anos reprovava. 

Diria que 7 em cada 10 raparigas da minha idade dariam tudo para ter menos 5 kgs, mesmo que já estejam num peso abaixo do saudável.

As roupas que estão na moda são feitas para um determinado peso. Se não o conseguimos atingir, não podemos usá-las. Ou até podemos, mas não irão ficar bem.

Há uns dias andava a navegar no inspire me, quando me deparo com esta imagem e os respetivos comentários:



Dei particular atenção aos dois últimos comentários que, apesar de estarem em menor número em relação àqueles que reprovam a imagem, são os que acumulam mais “gostos”. Acho que é uma boa amostra da visão das jovens.

Já me questionei acerca do porquê dos estilistas e de todos os que contribuem para o lançamento das modas, continuarem a contratar modelos com proporções distanciadas das da média das mulheres de todo o mundo, mas não encontro resposta.

No entanto, em relação ao incentivo ao tabaco, ponho a hipótese que poderão ser manobras de marketing, muitos subtis, das empresas fabricantes de tabaco. 

Esta teoria poderá estar errada mas, o que é facto, é que, se essas empresas não estão ligadas a nenhuma destas manobras, que levam milhares de jovens a largar milhões de euros nos seus cofres, bem que podem agradecer a quem o está a fazer.

Sem comentários: