Aquela sensação que temos quando nos
lembramos que os nossos avós viveram no mesmo período da 2ª Guerra Mundial, Guerra
do Vietname, sem saber o que eram telemóveis, televisões e computadores, os nossos netos
senti-la-ão também quando se aperceberem dos acontecimentos históricos (para
eles, distantes e só presentes nos livros de história) que nós vivenciámos.
Ora, distanciemo-nos do presente e avancemos uns 50 anos…
Nós seremos uns avós que poderão dizer aos netos “já
comprei pastilhas elásticas com 3 escudos…”. Os escudos, para eles, serão de
um passado tão longínquo que nos imaginarão numa espécie de feira medieval a
pedir uma dúzia de pastilhas enquanto tiramos as gigantes moedas banhadas a ouro
de uma bolsa de cabedal.
Nós falar-lhes-emos da tão famosa crise que assolou a Europa na segunda década do século: "a crise de 2008-2015 foi bastante dura para algumas famílias! No telejornal não havia um dia em que não se dissesse a palavra crise, a expressão "subida de impostos" ou "mais uma greve em...". Os governos passavam a vida a aumentar impostos e a cortar em subsídios... O país nunca chegou às dificuldades que se viviam até ao tempo dos vossos trisavós, mas havia gente a viver muito mal! Havia, pelo menos, uma greve ou protesto todas as semanas! Noutros países da Europa passava-se o mesmo... Ouvíamos casos de pessoas que se suicidavam e deixavam bilhetes, onde escreviam que não aguentavam mais as más condições de vida. Foi uma altura difícil para muitas pessoas!"
No que diz respeito à cultura, contaremos que pagávamos para ir ver um espetáculo que consistia no domínio de um cavaleiro vestido com roupas faustosas sobre um ser racionalmente inferior , dentro de uma arena, enfiando-lhe espetos no dorso. Provavelmente reagirão com a mesma estupefação que nós quando pensamos na selvajaria que eram as lutas entre gladiadores em Roma. Não, não estou a querer comparar a morte de um animal à de um ser humano, mas acho que tal como essa "arte"/tradição acabou por desaparecer, o mesmo acontecerá com as touradas, de um modo natural.
Diremos frases como "e depois eu e o avô fomos ao cinema ver o Avatar em 3D. Fomos a um centro comercial, que era onde se encontrava a maioria das salas de cinema, comprámos o bilhete e deram-nos uns óculos que davam a sensação que a imagem saía cá para fora... Nada a ver com essas modernices dos hologramas, mas na altura já era muito bom!"
Mas aquilo que os deixará verdadeiramente
boquiabertos...
... É quando lhes dissermos que o fim-de-semana eram apenas dois dias, que éramos obrigados a acordar às 7h todos os dias da semana e que precisávamos de trabalhar para ganhar dinheiro e poder viver. Eles pensarão "então a esperança média de vida era até aos 80 anos e passavam mais de metade da vida a estudar e trabalhar?! Coitados!"
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