quarta-feira, 6 de junho de 2012

Novelas... em vias de extinção?

Ingénuos, ambiciosos, injustiçados… todos os estereótipos de cada personalidade já foram usados e abusados em todas as novelas.

Também as temáticas abordadas estão mais do que vistas: o amor entre duas personagens principais, sempre sabotado por manobras manipuladoras dos “maus da fita”; o ambicioso, sem escrúpulos, capaz de tudo para atingir um objetivo, normalmente ligado a dinheiro; os casos polémicos (violência doméstica, gravidez na adolescência, alcoolismo e outros vícios…) para dar o toque educativo à coisa….

Nos anos 80 surgiram as primeiras novelas portuguesas. Tendo em conta que nasci em 95, as “minhas” novelas só começaram no século XXI.

As duas primeiras foram os “Jardins Proibídos” e os “Olhos de Água” (ainda hoje não consigo dizer o nome desta novela sem ouvir a voz do Toy).

Lembro-me de seguir a primeira, mas não me recordo da história (já lá vão 12 anos!). A segunda, muito resumidamente, conta a história de duas irmãs gémeas que são separadas e que se reencontram mais tarde, com vidas completamente diferentes.


Há uns meses, a TVI começou a passar novelas desta altura, durante a madrugada. Começou por passar os “Jardins Proibídos”, depois os “Olhos de Água” e atualmente a “Filha do Mar”. Recordei alguns episódios dos “Olhos de Água” e notei um contraste existente com as novelas atuais: a suavidade das vozes numa discussão, em oposição aos gritos de fundo constantes nas novelas do presente.

Nas novelas de hoje em dia parece que há sempre uma necessidade intrínseca da existência de discussões, violência e assassinatos (sempre o mais macabros possível).

A seguir às novelas que referi há pouco, começou o período das novelas produzidas em série, quase todas com nomes surgidos de refrões de músicas: “Ninguém como tu”, “Dei-te quase tudo”, “Fala-me de amor”, e muitas mais…

Há 20 anos que a SIC e a TVI têm andado a vomitar novelas, sempre em horário nobre… Mas se isto acontece é porque a população também anda a consumir esse vomitado (uma analogia nada agradável, admito).

Eu já refleti um bocado sobre como é que as novelas poderiam inovar (sim, eu não tenho mais nada em que pensar) e cheguei à conclusão que não há maneira possível de “renovar” o produto. A única solução possível, a meu ver, seria exterminar as novelas e iniciar um novo formato.

Em relação à pergunta formulada no título deste post, eu penso que as novelas, embora mais do que gastas, ainda não se encontram em vias de extinção. Isto porque grande parte da população ainda está ligada ao quotidiano de ver a novela “das 21h” (e das 22h/23h/24h…), já para não falar das excelentes estratégias manipuladoras das televisões que quase nos obrigam a ver as novas novelas: enquanto ainda estão a dar as velhas, lançam as novas de rajada, num horário “apetecível”.

O que eu noto hoje em dia é que grande parte da faixa etária entre os 15 e os 35 anos, começou a “desligar-se” dos canais generalistas, preferindo os canais temáticos que oferecem uma panóplia de diferentes programas para todos os gostos, desde séries, a talk shows, reality shows etc…

O que ainda sustenta a produção de novelas é a faixa etária dos 40 para cima (do sexo feminino, essencialmente). Mas se todas as mães e avós dispensassem a(s) novela(s) da noite e deixassem os filhos/maridos “tele-comandarem” a partir das 21h, de certo que as audiências diminuiriam significativamente.

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