Por volta das 11h30 já se via no telejornal um pequeno
ajuntamento, perto do Palácio da República.
A chegada da Presidente alemã ficou
registada nas câmaras com apupos e palavras pouco agradáveis como banda sonora e vários
cartazes em pano de fundo.
Vi o cumprimento entre a protagonista da manifestação e o nosso Presidente da República na televisão e, a partir daí, a minha visão do que estava a acontecer foi apenas a de quem se encontrava na rua.
Cheguei ao local onde decorria a manifestação e o que me
chamou imediatamente à atenção foi este rapaz que se intitulava de Super-Tuga:
Os jornalistas que lá se encontravam pediam para lhe tirar
fotografias e o super-herói posava, confiante do seu papel de salvador da
pátria!
Eram 14h e pouco se passava. O conjunto de pessoas que lá
estava era muito pequeno e a quantidade de jornalistas, grande parte estrangeiros, proporcional.
Aqui fica o ambiente que se via por esta altura:
Em frente ao Palácio não havia grandes motivos de interesse.
Resolvi, então, caminhar em direção ao CCB… Ainda tive, por
momentos, uma mínima esperança que se pudesse lá entrar, mas quando vi as
grades em frente a uma quantidade de polícias, quase maior que o número de
manifestantes, a limitar um perímetro de segurança gigantesco à volta da área
para onde iria a Angela Merkel, toda a minha ingénua esperança se desvaneceu.
O número de pessoas que estava nessa zona era
igualmente baixo, em relação ao que se encontrava em frente ao Palácio da República.
Os comentários que se ouviam baseavam-se, quase todos, no
descontentamento pela pouca adesão à manifestação.
“Não percebo! No facebook vinha toda a gente, mas afinal não
veio ninguém! Eu tirei um dia de férias para estar aqui! Onde é que andam os
desempregados, os reformados…?!”
De repente, começaram-se a ouvir bombos e palavras de ordem em
altifalantes, vindos de uma marcha. A manifestação ganhou, então, forma, ainda
que não a esperada por todos os contestatários.
Ao som do manifestante que liderava a marcha, o grupo foi
para junto das grades.
“Juntem-se a nós!”, gritavam para os polícias, que se mantinham estáticos.
Derrubam-se as grades.
Queima-se o boneco da Merkel.
E as palavras de ordem continuam!
Muitos apelam a um novo 25 de Abril, enquanto outros vão
gritando aquilo que os revolta.
No geral, a impressão com que fiquei foi que, apesar do
descontentamento visível por todos os que lá se encontravam, a manifestação não
tomou as proporções esperadas por aqueles que se foram expressar.
Neste momento encontro-me no Starbucks a redigir este texto. Aquele
ajuntamento de umas 200 e tal pessoas já se pode ter tornado na manifestação
do século e causado milhares de mortes e feridos graves.
Se assim for, sinto-me feliz por ter conseguido escapar ilesa. Uff.
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