Há uns dias, os candidatos à presidência dos EUA fizeram um
jantar de beneficência que, ao que parece, já é uma tradição nas eleições dos
Estados Unidos há mais de 60 anos. Nesse jantar é também um clássico os dois candidatos fazerem uma disputa com anedotas.
Eu não tenho acompanhado todos os pormenores destas eleições até porque não é algo que me interesse assim tanto, no entanto vou
estando relativamente ao corrente da situação com o que me salta à vista nos meios de comunicação.
Ao contrário do que acontece em Portugal, em que os políticos adotam todos uma postura muito formal e distanciada, sem grandes "fait divers", nos EUA os políticos recorrem ao show bizz para captar o maior número de eleitores.
Há 4 anos, o Barack Obama estava a disputar o lugar que agora ocupa, contra o McCain. A campanha com o slogan "Yes, We Can" foi um êxito.
Lembro-me de chegar a ter no meu
mp3 uma música cantada por vários famosos, cuja letra era somente o discurso do Barack Obama.
Ei-la:
Ao contrário do que acontece em Portugal, nos EUA existe um enorme patriotismo. Vêem-se bandeiras nacionais à porta das casas (cá em Portugal isso só aconteceu porque um brasileiro nos mandou), nota-se que têm orgulho no país e o respeito pelas figuras que o representam é bem mais visível.
Acontecerem cá em Portugal algumas situações que ocorrem com naturalidade nos EUA é algo inconcebível.
Toda a campanha de marketing associada aos candidatos americanos leva a que estes sejam encarados como mais umas "estrelas" e, como tal, são convidados a ir aos talk shows mais populares como o Late Night Show, Ellen DeGeneres, Oprah etc... e são entrevistados de um modo informal e descontraído.
Cá em Portugal, os nossos representantes apenas são entrevistados em canais de informação ou no telejornal dos canais generalistas. O tipo de entrevista é sempre do género "é? não é? explique-se." e quem as vê está sempre à espera do momento certo para gritar um "gatuno! devias era estar na prisão!
O paradigma português é muito diferente do norte-americano. Seria impensável o Boss Ac, por exemplo, produzir uma música durante o período eleitoral, apelando ao voto no nosso atual Primeiro-Ministro sem que esta fosse uma paródia musical.
Ao contrário da realidade dos Estados Unidos, em Portugal a classe política é só mais um motivo para fazer anedotas e o ódio pela mesma parece ser o único sentimento possível.
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