Também
as temáticas abordadas estão mais do que vistas: o amor entre duas personagens
principais, sempre sabotado por manobras manipuladoras dos “maus da fita”; o
ambicioso, sem escrúpulos, capaz de tudo para atingir um objetivo, normalmente
ligado a dinheiro; os casos polémicos (violência doméstica, gravidez na adolescência,
alcoolismo e outros vícios…) para dar o toque educativo à coisa….
Nos anos 80 surgiram as primeiras novelas portuguesas. Tendo
em conta que nasci em 95, as “minhas” novelas só começaram no século XXI.
As duas primeiras foram os “Jardins Proibídos” e os “Olhos
de Água” (ainda hoje não consigo dizer o nome desta novela sem ouvir a voz do
Toy).
Lembro-me de seguir a primeira, mas não me recordo da história
(já lá vão 12 anos!). A segunda, muito resumidamente, conta a história de duas
irmãs gémeas que são separadas e que se reencontram mais tarde, com vidas
completamente diferentes.
Há uns meses, a TVI começou a passar novelas desta altura,
durante a madrugada. Começou por passar os “Jardins Proibídos”, depois os “Olhos
de Água” e atualmente a “Filha do Mar”. Recordei alguns episódios dos “Olhos de
Água” e notei um contraste existente com as novelas atuais: a suavidade das
vozes numa discussão, em oposição aos gritos de fundo constantes nas novelas do
presente.
Nas novelas de hoje em dia parece que há sempre uma
necessidade intrínseca da existência de discussões, violência e assassinatos
(sempre o mais macabros possível).
A seguir às novelas que referi há pouco, começou o período das
novelas produzidas em série, quase todas com nomes surgidos de refrões de músicas:
“Ninguém como tu”, “Dei-te quase tudo”, “Fala-me de amor”, e muitas mais…

Eu já refleti um bocado sobre como é que as novelas poderiam
inovar (sim, eu não tenho mais nada em que pensar) e cheguei à conclusão que não
há maneira possível de “renovar” o produto. A única solução possível, a meu
ver, seria exterminar as novelas e iniciar um novo formato.
Em relação à pergunta formulada no título deste post, eu
penso que as novelas, embora mais do que gastas, ainda não se encontram em vias
de extinção. Isto porque grande parte da população ainda está ligada ao
quotidiano de ver a novela “das 21h” (e das 22h/23h/24h…), já para não falar
das excelentes estratégias manipuladoras das televisões que quase nos obrigam a
ver as novas novelas: enquanto ainda estão a dar as velhas, lançam as novas de
rajada, num horário “apetecível”.
O que eu noto hoje em dia é que grande parte da faixa etária
entre os 15 e os 35 anos, começou a “desligar-se” dos canais generalistas,
preferindo os canais temáticos que oferecem uma panóplia de diferentes programas
para todos os gostos, desde séries, a talk shows, reality shows etc…
O que ainda sustenta a produção de novelas é a faixa etária
dos 40 para cima (do sexo feminino, essencialmente). Mas se todas as mães e avós
dispensassem a(s) novela(s) da noite e deixassem os filhos/maridos “tele-comandarem”
a partir das 21h, de certo que as audiências diminuiriam significativamente.
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